terça-feira, 19 de julho de 2016

Diálogos de bolso sem fundo #1


sala de aula. segundo horário. metade de uma semana cansativa.

- tu queria estar em outro lugar agora?
- sim, por que?
- quer me dizer qual é o outro lugar?
- quero, mas antes posso saber a razão da pergunta?
- se eu não te disser, tu não vai me dizer?
- vou, mas tu não vai me dizer?
- tudo bem se eu só disser depois?
- tudo... eu queria estar lá em casa, com tu, estudando de verdade, tomando café e namorando. vai me dizer agora?
- seria muito, muito bom... eu disse que diria depois, logo depois, da tua resposta?
- não, mas não entendo por que você esperaria mais pra responder... você vai me falar quando, então?
- pode ser depois da tua resposta à minha próxima pergunta?
- pode. qual é a pergunta?
- tu imagina pollyana falando quando escuta a voz dessa professora?
- na verdade não tava imaginando, não. mas agora que você falou...  mas acho que ela deve ter um sotaque mais carregado que esse. tu não acha?
- acho, sim. e também acho que pollyana dando aula é tão engraçada quanto ela. né?
- é sim!!! agora fala o por quê, amor...
- tu sabe quantas interrogações tem nessa conversa?
- sei... já tava até pensando em um título pra ela... tu não?
- não exatamente. eu tava pensando, mesmo, no tempo que eu perco buscando respostas quando gosto, muito mais, de só conversar contigo. claro que quero respostas e as quero contigo, mas quero muito mais que a gente exista, (pra) sempre, independente delas.
- então a gente continua assim: se respondendo com interrogações que é pra quando aparecer um ponto final, vir um sorriso e a vontade da gente de novo... vamos cair nessa rotina?

se olharam e se sorriram de canto de olhos e bocas sempre tão desejosos, firmando um sim só e tão deles. antecedendo as últimas trocas de bilhetes, discretamente, deram as mãos por uns instantes.

- amor?
- oi?
- presta atenção na aula...

acabou o tempo. escolheram muitos títulos provisórios pros seus diálogos de salas de aula, cabeceira e mesa de bar. até que chegou ponto de fim, mas o sorriso e a deixa, não...
e como o que não se espera que vire parte da rotina, ponto final.

Nenhum comentário:

Postar um comentário